Kurama seguia pela calçada. Era a hora do Rush, e o centro de
Yomitan estava abarrotado como de costume. Milhares de carros se
aboletavam nas largas elevadas centrais, que dão acesso direto e
desimpedido a um complexo sistema de freeways que interligam todas as
zonas da cidade. Mesmo assim, há pouco espaço. Kurama não pensa em
usar um carro, e de certa forma, nem precisa. Em sua forma Youko,
pode usar asas se necessário, mas normalmente prefere uma caminhada
despreocupada.
Ele toma o caminho do metrô, onde mesmo no horário de pico, dificilmente se vê alguém de pé dentro dos vagões, que possuem assentos nas laterais. O dia está bastante quente, embora todos os vagões possuam ar-condicionado.
Kurama adentra um dos vagões e senta-se. Ao seu lado, uma garota escreve insistentemente em uma planilha eletrônica. Logo que o vagão começa a se mover, um terceiro passageiro se aproxima dos dois e senta-se ao lado da menina, a olhando de forma estranha;
-Esse ser humano não está agindo com normalidade, melhor eu ficar de olho…- Kurama pensa.
A primeira estação se aproxima. O passageiro suspeito observa ao seu redor, e, ao constatar que havia um espaço de ao menos cinco metros de qualquer pessoa em seu caminho até a porta, que está para abrir, ele toma violentamente a planilha das mãos da garota e sai em disparada;
-Hei!!! Espere aí!!!- a garota grita, mas é tarde.
No mesmo instante, Kurama saca uma rosa e a transforma em um laço, usando-o para imobilizar o agora ladrão antes que ele conseguisse saltar para fora do vagão, derrubando-o. Kurama se levanta calmamente e vai até ele, o encarando:
-Devolva a planilha.
-Mas… mas de onde veio esse chicote!!!
-Agora chega, não vamos perder mais tempo.
-Não me provoque!
O meliante acerta Kurama em cheio com um estilete, fazendo-o sangrar na hora, para horror das pessoas dentro do vagão. Ele ainda tira sarro:
-Corta esse cabelo ridículo antes que eu arranque ele!
-MOÇO!!!- as pessoas gritam no vagão.
O ladrão se levanta, e assim que põe o primeiro pé para fora do vagão, sente um espinho arranhar sua bochecha;
-Você… acha que isso é suficiente?
O ladrão olha para trás, e vê Kurama em pé novamente:
-Mas...mas…
-Sem mas nem menos. Agora você vai ver!
Kurama tira a planilha dele à força e acerta um chute forte que atira o ladrão contra a parede da estação. A porta do vagão se fecha e o trem começa a andar de novo.
Kurama, ainda tonto, se dirige até a menina, devolvendo a planilha:
-Isto é seu… aaa…
-Moço!!!
Kurama desmaia. A garota entra em desespero, e passageiros de outros vagões aparecem para oferecer auxílio;
-O QUE ESTÃO OLHANDO, AVISEM O MAQUINISTA!!!- A garota grita, enquanto se aproxima de Kurama;
-Estranho, ele não é um ser humano normal… aquele chicote… e seu espírito continua aqui!- Ela pensa.
O trem para já na próxima estação. A menina é ajudada por populares a carregar Kurama para fora do vagão. Em pouco tempo, uma equipe médica chega até a estação, e é recebida pela menina:
-Recebemos uma chamada urgente, onde está a vítima?
-Aqui!!!
Os médicos põe Kurama em uma maca, e o levam rapidamente. A garota acompanha todos. Os demais populares retornam para o trem, embora o vagão onde Kurama foi ferido permaneça vazio e fechado para a perícia.
O tráfego na rua está muito pesado, mas felizmente o hospital fica a apenas um quarteirão da estação, o que permitiu levar Kurama na maca mesmo. Seu sangramento já foi estancado, embora sua roupa branca toda ensanguentada sugira o contrário.
Como em todo caso onde há uma urgência, o paciente é levado diretamente para a emergência, e sua identificação é feita durante o atendimento. A menina vai junto com os médicos até a sala, onde tiram a camisa de Kurama;
-Mas que estranho… o ferimento foi extremamente grave, mas está muito pequeno já…
-Como assim? Nos falaram que foi um corte de estilete!!!- um dos médicos se surpreende.
-Sim, pela quantidade de sangue que saiu, não há dúvidas… mas veja como está muito pequeno para ser isso mesmo… e não há sequer marcas de cicatrização…Alguém já o identificou?
Uma secretária adentra a sala:
-Ah, sim. Seu nome é Suichi Minamino, ele trabalha para o sr. Yomi.
-O Sr. Yomi? Avise-o já!!!
-Sim senhor!
Enquanto isso, a garota não tira os olhos do rapaz. Ainda está tensa pela cena que protagonizou, e acha injusto que tudo isso tenha acontecido por ter se distraído demais. Um dos médicos se aproxima dela:
-Por gentileza, como se chama?
-Ah, o meu nome é Botan, senhor.
-Certo… e esse sujeito é algum parente ou amigo seu?
-Não… eu apenas vim acompanhá-lo para saber como ele está de fato. Fiquei muito preocupada, ele lutou contra um meliante que queria roubar a minha planilha…
-Tudo bem. Solicito que saia em alguns instantes para que possamos cauterizar o ferimento deste jovem.
-Certo… mas ele ficará bem?
-Ah, claro! Não foi algo catastrófico, mas inspira cuidados básicos.
-Tudo bem então..
O telefone de Yomi, que está caminhando na margem do rio yangtzé com Kibitoshin, toca;
-Yomi falando, pois não?
-Senhor Yomi, aqui é do hospital 3, desculpe falar com o senhor diretamente, mas há um rapaz de nome Shuuichi Minamino sendo atendido em nosso hospital nesse instante. Ele foi atacado no metrô mas está em estado regular.
-Shuuichi Minamino? Certo, chegarei num instante!
-O que houve Yomi?
-Kibitoshin, precisamos ir até o hospital 3 agora! Kurama foi atacado.
-Certo!
Kibitoshin pega em uma das mãos de Yomi e faz o teletransporte até a recepção do hospital, surpreendendo as pessoas que lá estavam:
-M..ma..mas é o Sr. Yomi…
-Sim, sou eu mesmo, preciso ir até o paciente Shuuichi Minamino, onde ele está?
-Emergência, sala 103…
Yomi e Kibitoshin chamam a atenção mas passam em seco por todos. Tanto Yomi como Kibitoshin são famosos na cidade pelo poder que possuem, seja ele político, econômico, físico ou espiritual. Yomi ficou cego após uma das batalhas que travou, e desde então Kibitoshin, um dos seus súditos, o ajuda a viver. Mesmo assim, ele é bastante independente, e possui seis orelhas para poder se localizar pelo som. Kibitoshin cumpre o seu papel o auxiliando em tarefas que exijam ler e escrever principalmente.
Eles rapidamente chegam na sala. Yomi não pode ver, mas sente o cheiro do sangue de Kurama, que ainda está inconsciente:
-Ah Shuuichi Minamino… o que será que aconteceu?
Kibitoshin vai para o outro lado da maca, e põe a mão na testa de Kurama:
-Ele está bem. Está apenas hibernando um pouco para se recuperar, pelo visto foi algo superficial.
-Ele foi atacado com um estilete, não foi superficial não!- um dos médicos fala.
-Hahahaha!!!!- Yomi cai na gargalhada- Isso não é nada para o meu súdito! Ele já sobreviveu sem um braço.
-O quê!!!!- Os médicos entram em parafuso.
-Shuuichi Minamino não é deste mundo. Ele é um Youkai raposa, vocês nunca entenderão isso na prática, mas é o que precisam saber.
Ninguém exceto Kibitoshin entende algo. Yomi põe a mão sobre a testa de Kurama, lhe dando um leve choque;
-Agora chega, acorde Shuuichi Minamino. Shiori poderá ficar preocupada e eu ainda preciso ter um tempo com Shura hoje.
O choque, apesar de bem leve, é suficiente para tirar Kurama da hibernação. Os seus olhos abrem bem devagar, e ele senta-se na cama:
-Y...Yomi? Kibitoshin?… porque estou neste… hospital?… onde.. está a menina?
-Sim, somos nós dois, viemos para cá para ver o que aconteceu com você. E que menina é essa a que você se refere?
Yomi gira o rosto em direção a um dos médicos. Sua expressão facial tranquila apesar da gravidade do estado de Kurama apavora o profissional, embora ela esteja quase sempre assim:
-Você viu alguma garota junto dele? Ela já foi embora?
-Sim, Sr. Yomi. O seu nome é Botan e possivelmente ela já saiu do hospital. Quer que eu contate a recepção?
-Isso não será necessário.
-Shuuichi Minamino, está melhor agora? Yomi, o que faremos agora?
-Vamos para a casa dele. Ah, e peço aos médicos que registrem a saída de Shuuichi Minamino. Ele agora está sob meus cuidados.
-Mas… mas os senhores não podem simplesmente levar ele nessas condições.- O médico discorda.
-Façam o que disse.
-Tudo bem… -O médico vai até o interfone avisar a recepção.
-Tudo bem Kibitoshin, vamos para a casa de Shuuichi Minamino sem demora.-
-Certo!
Kurama e Yomi pegam nas mãos de Kibitoshin e são teletransportados, chegando dois segundos depois na casa de Kurama. O sol já se foi e o céu pouco estrelado de Yomitan se revela.
A duplicidade de nomes para Kurama tem uma justificativa pessoal. Kurama é o seu nome como Youkai, e ele prefere manter em segredo. No dia a dia, ele se chama Shuuichi Minamino, ou, para encurtar, apenas Shu. Nem mesmo a sua mãe sabe disso.
Yomi aperta a campainha, mas deixa Kibitoshin recepcionar Shiori. Yomi possui um visual bastante peculiar que assusta alguns humanos, enquanto outros ficam admirados. Além das suas seis orelhas pontiagudas, possui sete chifres, sendo dois na testa, dois de cada lado da cabeça, e um maior atrás, e também um longo cabelo negro. Eles exigem inclusive que Yomi descanse sempre em uma cama especial, e são um grande incômodo. Yomi pretende removê-los quando ter sua visão recuperada um dia.
-Olá, boa tarde. Que rapaz bonito é você!- Shiori elogia Kibitoshin.
-Ah… obrigado. Seu filho está conosco, tivemos que buscá-lo no hospital, mas está tudo bem…
-O MEU SHUIICHI SE FERIU???
Shiori corre até ele, mas dá de cara com Yomi, que segura-o;
-Ah que sujeito feio!!! Largue o meu filho!!! Não o machuque mais, seu monstro!
Yomi solta Kurama, que agora está quase recuperado. Ela vai até ele e o abraça forte:
-Filho!!!! Esse sangue todo na sua roupa, o que houve?
-Ah, nada demais… E mãe, não se apavore com o Yomi, ele é um cara legal…
-Ah mas que é feio é!
Yomi faz uma careta, mas sorri;
-Entendo a sua colocação. Eu sou cego, não posso avaliar isso ainda, mas pelo que sinto realmente não sou uma referência em beleza.
Kibitoshin vai para o lado de Yomi e observa os dois:
-Missão cumprida.
-Sim, vamos retornar. Shuuichi, até amanhã.
-Certo Yomi. Kibitoshin, cuidem-se!
Kibitoshin assinta e faz o teletransporte, levando Yomi junto. Kurama vai com Shiori para dentro de casa, e a primeira coisa que faz é ir para o banho;
-Está tudo bem, filho? Não vá desmaiar no banheiro!
-Tudo bem mãe, estou bem agora.
Kurama pega o seu conjunto de roupa da universidade, e vai tomar banho. Verifica o local do ferimento, que agora está curado, há apenas uma pequena vermelhidão. Shiori prepara um lanche com algumas frutas:
-Ele está sempre se metendo em encrenca… e aquele tal Yomi, que sujeito feio! Ao menos o acompanhante dele era muito bonito…- ela pensa enquanto fatia umas maçãs.
Kurama chega em seguida, e senta-se na pequena mesa, que está ornada com algumas flores:
-Estou gostando do cheiro delas… parecem… interessantes.
-Ah filho, espero que goste. Eu achei elas na margem do rio hoje de manhã, talvez alguém tenha atirado ou perdido sementes por lá, pois estavam todas no mesmo espaço.
Shiori alcança um prato com uma salada de frutas e um iogurte:
-Sei que são os seus favoritos, filho- ela sorri.
-Obrigado mãe! Coma comigo!
-Não posso, filho. Tenho intolerância com lactose, esqueceu?
-Ah, é verdade!
Ela vai e liga a TV num cômodo ao lado. Kurama termina o seu rápido lanche, limpa a louça e pega a sua mochila para ir até a faculdade:
-Até mais mãe. Me ligue caso precise.
-Tudo bem filho, eu estarei bem.
Como sempre, Kurama pega uma rosa e a prende atrás da cabeça, embaixo do cabelo, para usar caso precise.
Ele toma o caminho do metrô, onde mesmo no horário de pico, dificilmente se vê alguém de pé dentro dos vagões, que possuem assentos nas laterais. O dia está bastante quente, embora todos os vagões possuam ar-condicionado.
Kurama adentra um dos vagões e senta-se. Ao seu lado, uma garota escreve insistentemente em uma planilha eletrônica. Logo que o vagão começa a se mover, um terceiro passageiro se aproxima dos dois e senta-se ao lado da menina, a olhando de forma estranha;
-Esse ser humano não está agindo com normalidade, melhor eu ficar de olho…- Kurama pensa.
A primeira estação se aproxima. O passageiro suspeito observa ao seu redor, e, ao constatar que havia um espaço de ao menos cinco metros de qualquer pessoa em seu caminho até a porta, que está para abrir, ele toma violentamente a planilha das mãos da garota e sai em disparada;
-Hei!!! Espere aí!!!- a garota grita, mas é tarde.
No mesmo instante, Kurama saca uma rosa e a transforma em um laço, usando-o para imobilizar o agora ladrão antes que ele conseguisse saltar para fora do vagão, derrubando-o. Kurama se levanta calmamente e vai até ele, o encarando:
-Devolva a planilha.
-Mas… mas de onde veio esse chicote!!!
-Agora chega, não vamos perder mais tempo.
-Não me provoque!
O meliante acerta Kurama em cheio com um estilete, fazendo-o sangrar na hora, para horror das pessoas dentro do vagão. Ele ainda tira sarro:
-Corta esse cabelo ridículo antes que eu arranque ele!
-MOÇO!!!- as pessoas gritam no vagão.
O ladrão se levanta, e assim que põe o primeiro pé para fora do vagão, sente um espinho arranhar sua bochecha;
-Você… acha que isso é suficiente?
O ladrão olha para trás, e vê Kurama em pé novamente:
-Mas...mas…
-Sem mas nem menos. Agora você vai ver!
Kurama tira a planilha dele à força e acerta um chute forte que atira o ladrão contra a parede da estação. A porta do vagão se fecha e o trem começa a andar de novo.
Kurama, ainda tonto, se dirige até a menina, devolvendo a planilha:
-Isto é seu… aaa…
-Moço!!!
Kurama desmaia. A garota entra em desespero, e passageiros de outros vagões aparecem para oferecer auxílio;
-O QUE ESTÃO OLHANDO, AVISEM O MAQUINISTA!!!- A garota grita, enquanto se aproxima de Kurama;
-Estranho, ele não é um ser humano normal… aquele chicote… e seu espírito continua aqui!- Ela pensa.
O trem para já na próxima estação. A menina é ajudada por populares a carregar Kurama para fora do vagão. Em pouco tempo, uma equipe médica chega até a estação, e é recebida pela menina:
-Recebemos uma chamada urgente, onde está a vítima?
-Aqui!!!
Os médicos põe Kurama em uma maca, e o levam rapidamente. A garota acompanha todos. Os demais populares retornam para o trem, embora o vagão onde Kurama foi ferido permaneça vazio e fechado para a perícia.
O tráfego na rua está muito pesado, mas felizmente o hospital fica a apenas um quarteirão da estação, o que permitiu levar Kurama na maca mesmo. Seu sangramento já foi estancado, embora sua roupa branca toda ensanguentada sugira o contrário.
Como em todo caso onde há uma urgência, o paciente é levado diretamente para a emergência, e sua identificação é feita durante o atendimento. A menina vai junto com os médicos até a sala, onde tiram a camisa de Kurama;
-Mas que estranho… o ferimento foi extremamente grave, mas está muito pequeno já…
-Como assim? Nos falaram que foi um corte de estilete!!!- um dos médicos se surpreende.
-Sim, pela quantidade de sangue que saiu, não há dúvidas… mas veja como está muito pequeno para ser isso mesmo… e não há sequer marcas de cicatrização…Alguém já o identificou?
Uma secretária adentra a sala:
-Ah, sim. Seu nome é Suichi Minamino, ele trabalha para o sr. Yomi.
-O Sr. Yomi? Avise-o já!!!
-Sim senhor!
Enquanto isso, a garota não tira os olhos do rapaz. Ainda está tensa pela cena que protagonizou, e acha injusto que tudo isso tenha acontecido por ter se distraído demais. Um dos médicos se aproxima dela:
-Por gentileza, como se chama?
-Ah, o meu nome é Botan, senhor.
-Certo… e esse sujeito é algum parente ou amigo seu?
-Não… eu apenas vim acompanhá-lo para saber como ele está de fato. Fiquei muito preocupada, ele lutou contra um meliante que queria roubar a minha planilha…
-Tudo bem. Solicito que saia em alguns instantes para que possamos cauterizar o ferimento deste jovem.
-Certo… mas ele ficará bem?
-Ah, claro! Não foi algo catastrófico, mas inspira cuidados básicos.
-Tudo bem então..
O telefone de Yomi, que está caminhando na margem do rio yangtzé com Kibitoshin, toca;
-Yomi falando, pois não?
-Senhor Yomi, aqui é do hospital 3, desculpe falar com o senhor diretamente, mas há um rapaz de nome Shuuichi Minamino sendo atendido em nosso hospital nesse instante. Ele foi atacado no metrô mas está em estado regular.
-Shuuichi Minamino? Certo, chegarei num instante!
-O que houve Yomi?
-Kibitoshin, precisamos ir até o hospital 3 agora! Kurama foi atacado.
-Certo!
Kibitoshin pega em uma das mãos de Yomi e faz o teletransporte até a recepção do hospital, surpreendendo as pessoas que lá estavam:
-M..ma..mas é o Sr. Yomi…
-Sim, sou eu mesmo, preciso ir até o paciente Shuuichi Minamino, onde ele está?
-Emergência, sala 103…
Yomi e Kibitoshin chamam a atenção mas passam em seco por todos. Tanto Yomi como Kibitoshin são famosos na cidade pelo poder que possuem, seja ele político, econômico, físico ou espiritual. Yomi ficou cego após uma das batalhas que travou, e desde então Kibitoshin, um dos seus súditos, o ajuda a viver. Mesmo assim, ele é bastante independente, e possui seis orelhas para poder se localizar pelo som. Kibitoshin cumpre o seu papel o auxiliando em tarefas que exijam ler e escrever principalmente.
Eles rapidamente chegam na sala. Yomi não pode ver, mas sente o cheiro do sangue de Kurama, que ainda está inconsciente:
-Ah Shuuichi Minamino… o que será que aconteceu?
Kibitoshin vai para o outro lado da maca, e põe a mão na testa de Kurama:
-Ele está bem. Está apenas hibernando um pouco para se recuperar, pelo visto foi algo superficial.
-Ele foi atacado com um estilete, não foi superficial não!- um dos médicos fala.
-Hahahaha!!!!- Yomi cai na gargalhada- Isso não é nada para o meu súdito! Ele já sobreviveu sem um braço.
-O quê!!!!- Os médicos entram em parafuso.
-Shuuichi Minamino não é deste mundo. Ele é um Youkai raposa, vocês nunca entenderão isso na prática, mas é o que precisam saber.
Ninguém exceto Kibitoshin entende algo. Yomi põe a mão sobre a testa de Kurama, lhe dando um leve choque;
-Agora chega, acorde Shuuichi Minamino. Shiori poderá ficar preocupada e eu ainda preciso ter um tempo com Shura hoje.
O choque, apesar de bem leve, é suficiente para tirar Kurama da hibernação. Os seus olhos abrem bem devagar, e ele senta-se na cama:
-Y...Yomi? Kibitoshin?… porque estou neste… hospital?… onde.. está a menina?
-Sim, somos nós dois, viemos para cá para ver o que aconteceu com você. E que menina é essa a que você se refere?
Yomi gira o rosto em direção a um dos médicos. Sua expressão facial tranquila apesar da gravidade do estado de Kurama apavora o profissional, embora ela esteja quase sempre assim:
-Você viu alguma garota junto dele? Ela já foi embora?
-Sim, Sr. Yomi. O seu nome é Botan e possivelmente ela já saiu do hospital. Quer que eu contate a recepção?
-Isso não será necessário.
-Shuuichi Minamino, está melhor agora? Yomi, o que faremos agora?
-Vamos para a casa dele. Ah, e peço aos médicos que registrem a saída de Shuuichi Minamino. Ele agora está sob meus cuidados.
-Mas… mas os senhores não podem simplesmente levar ele nessas condições.- O médico discorda.
-Façam o que disse.
-Tudo bem… -O médico vai até o interfone avisar a recepção.
-Tudo bem Kibitoshin, vamos para a casa de Shuuichi Minamino sem demora.-
-Certo!
Kurama e Yomi pegam nas mãos de Kibitoshin e são teletransportados, chegando dois segundos depois na casa de Kurama. O sol já se foi e o céu pouco estrelado de Yomitan se revela.
A duplicidade de nomes para Kurama tem uma justificativa pessoal. Kurama é o seu nome como Youkai, e ele prefere manter em segredo. No dia a dia, ele se chama Shuuichi Minamino, ou, para encurtar, apenas Shu. Nem mesmo a sua mãe sabe disso.
Yomi aperta a campainha, mas deixa Kibitoshin recepcionar Shiori. Yomi possui um visual bastante peculiar que assusta alguns humanos, enquanto outros ficam admirados. Além das suas seis orelhas pontiagudas, possui sete chifres, sendo dois na testa, dois de cada lado da cabeça, e um maior atrás, e também um longo cabelo negro. Eles exigem inclusive que Yomi descanse sempre em uma cama especial, e são um grande incômodo. Yomi pretende removê-los quando ter sua visão recuperada um dia.
-Olá, boa tarde. Que rapaz bonito é você!- Shiori elogia Kibitoshin.
-Ah… obrigado. Seu filho está conosco, tivemos que buscá-lo no hospital, mas está tudo bem…
-O MEU SHUIICHI SE FERIU???
Shiori corre até ele, mas dá de cara com Yomi, que segura-o;
-Ah que sujeito feio!!! Largue o meu filho!!! Não o machuque mais, seu monstro!
Yomi solta Kurama, que agora está quase recuperado. Ela vai até ele e o abraça forte:
-Filho!!!! Esse sangue todo na sua roupa, o que houve?
-Ah, nada demais… E mãe, não se apavore com o Yomi, ele é um cara legal…
-Ah mas que é feio é!
Yomi faz uma careta, mas sorri;
-Entendo a sua colocação. Eu sou cego, não posso avaliar isso ainda, mas pelo que sinto realmente não sou uma referência em beleza.
Kibitoshin vai para o lado de Yomi e observa os dois:
-Missão cumprida.
-Sim, vamos retornar. Shuuichi, até amanhã.
-Certo Yomi. Kibitoshin, cuidem-se!
Kibitoshin assinta e faz o teletransporte, levando Yomi junto. Kurama vai com Shiori para dentro de casa, e a primeira coisa que faz é ir para o banho;
-Está tudo bem, filho? Não vá desmaiar no banheiro!
-Tudo bem mãe, estou bem agora.
Kurama pega o seu conjunto de roupa da universidade, e vai tomar banho. Verifica o local do ferimento, que agora está curado, há apenas uma pequena vermelhidão. Shiori prepara um lanche com algumas frutas:
-Ele está sempre se metendo em encrenca… e aquele tal Yomi, que sujeito feio! Ao menos o acompanhante dele era muito bonito…- ela pensa enquanto fatia umas maçãs.
Kurama chega em seguida, e senta-se na pequena mesa, que está ornada com algumas flores:
-Estou gostando do cheiro delas… parecem… interessantes.
-Ah filho, espero que goste. Eu achei elas na margem do rio hoje de manhã, talvez alguém tenha atirado ou perdido sementes por lá, pois estavam todas no mesmo espaço.
Shiori alcança um prato com uma salada de frutas e um iogurte:
-Sei que são os seus favoritos, filho- ela sorri.
-Obrigado mãe! Coma comigo!
-Não posso, filho. Tenho intolerância com lactose, esqueceu?
-Ah, é verdade!
Ela vai e liga a TV num cômodo ao lado. Kurama termina o seu rápido lanche, limpa a louça e pega a sua mochila para ir até a faculdade:
-Até mais mãe. Me ligue caso precise.
-Tudo bem filho, eu estarei bem.
Como sempre, Kurama pega uma rosa e a prende atrás da cabeça, embaixo do cabelo, para usar caso precise.
muito bom primeiro capitulo
ResponderExcluirseguindo pro segundo
Valeu! Ainda faltam 38 hahaha!
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